Definitivamente as mulheres são mais propensas a desenvolverem doenças autoimunes. E no lúpus, síndrome de Sjögren, doenças da tireoide e esclerodermia onde vemos essa relação mais forte com 7 a 10 mulheres afetadas para cada homem. Mas porque? Bem, primeiro precisamos entender que as mulheres possuem um sistema imunológico mais “agressivo” que os homens. Produzindo, por exemplo, quantidades maiores de imunoglobulinas quando expostas a agentes infecciosos. Culpa da evolução humana. Afinal, o futuro da humanidade depende de quem? Mas isso é o que provavelmente também nos deixou mais propensas a desenvolver doenças autoimunes... ㅤ
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A ação dos hormônios femininos, que possuem receptores em células do sistema imune, como o estrogênio, progesterona e prolactina tem um papel importante nessa suscetibilidade. Alguns estimulando outros suprimindo nossa resposta imunológica. Na gestação, por exemplo, nós precisamos nos manter tolerantes a “metade do bebê” que pertence ao pai e é “estranho” ao nosso sistema imune. Nesse período os níveis de progesterona e estrogênio estão em seus maiores níveis; e para algumas doenças como o lúpus, predispõe um aumento de atividade de doença, e em outras como na artrite reumatoide e esclerose sistêmica uma diminuição. Os hormônios externos (medicamentos como anticoncepcionais e hormônios sintéticos ou naturais presentes em fármacos e cosméticos) podem ter uma participação aditiva no processo. E como já sabemos a suscetibilidade genética é crucial.
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E nesse quesito o fato das mulheres possuírem dois cromossomos X (os homens possuem um X e um Y) pode estar associado a uma expressão genética diferente. Uma outra explicação seria que a mulher possui um microbioma (nossa “coleção particular” de bactérias, vírus, fungos e protozoários que “moram” em nosso corpo, como a microbiota intestinal) diferente dos homens o que influenciaria nessa predisposição. Já que ter um microbioma “do bem” além de funcionar como barreira para os agentes “do mal” tem a função de “educar” nosso sistema imunológico para que este possa “montar a resposta imune correta” para cada tipo de agente. Mais uma evidência do nosso girl power!