CORTICOIDE 70 ANOS!

E já se passaram mais de 70 anos quando o primeiro paciente reumatológico foi tratado com corticoides. E o impacto foi tão surpreendente que poderíamos dizer que existe a Reumatologia A.C e D.C (antes e depois dos corticoides). Mas após um breve período de entusiasmo com a droga milagrosa a “ficha caiu” e seus massivos efeitos colaterais, após uso indiscriminado de altas doses por longos períodos, foram conhecidos. E desde então ele ficou bem esquecido, pelo menos no quesito “atenção científica”. Já que jamais deixou de ser usado, especialmente em doenças mais graves quando outras terapêuticas não são efetivas, não estão disponíveis ou existentes. Nesses casos nosso amigo setentão ainda é imbatível e salva INÚMERAS vidas. 


E aí Reumatologista precisa lançar mão de diversas medidas, e elas existem, para tentar evitar ou pelo menos minimizar seus efeitos colaterais. A maioria já bem conhecidos como: pele fina e frágil, manchas roxas, acne, estrias, queda de cabelo, catarata, glaucoma, hipertensão arterial, dislipidemia, arritmias, gastrite, úlcera, esteatohepatite, osteoporose, necrose avascular óssea, miopatia, depressão, psicose, insônia, infertilidade, distúrbios menstruais.... Além da necessidade da retirada da droga ser de forma gradual e sob supervisão, já que as adrenais “ficam dormindo” enquanto os usamos e precisam de um tempinho “para acordar” e passar a fabricar cortisol novamente. Uau, a listinha é grande né?!
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Teriam então os corticoides algum papel nas doenças que já possuem outras opções de tratamento?  É bem verdade que utilizamos cada vez menos a medida que novas terapias surgem e se mostram mais seguras e eficazes. Mas o corticoide ainda tem sim seu papel mesmo meses casos, normalmente usado em doses baixas e por CURTO período preferencialmente. É importante ter em mente que seus efeitos dependem da dose utilizada, que resultará em efeito anti-inflamatório ou imunossupressor, a via de administração, o tipo de corticoide e o tempo de uso. Ou seja não fiquemos também “corticofóbicos”! Temos novos trabalhos, usando inclusive novas formulações, tentando “redescobrir” a forma mais racional de usarmos nosso velho amigo!