DORMINDO COM FIBRO

A última coisa que uma paciente com fibromialgia precisa é não conseguir dormir. Infelizmente, esse problema é comum e afeta um grande número de pacientes fibromiálgicos. Alias, todos nós... A grande questão, nesses pacientes, é o ciclo vicioso que se instala. Onde a privação de sono leva a fadiga e dores durante o dia, que piora ainda mais a qualidade do sono, que piora ainda mais a dor e piora...

                                                          

Já é bem documentado que a falta de sono leva a diminuição no limiar (quantidade de estimulo necessário para gerar dor) e percepção da dor. Além disso, a fadiga (cansaço), alterações cognitivas (processo de adquirir conhecimento) e na memória podem ser amplificadas. E a medida que o problema se agrava, com insônia regular, piora ou início de quadros de depressão e ansiedade podem ocorrer.

 

O paciente fibromiálgico está ocupado em manter suas atividades diárias, fazer exercícios, controlar alimentação e manter peso ideal, tomar medicações... E realmente, o tratamento dessa condição requer mesmo uma abordagem multifacetada e multiprofissional. Mas, por vezes esquecemos de perguntar ao nosso paciente, e este em dar a devida importância, se ele está tendo dificuldades para dormir.

 

Bem, quando nós Reumatologistas, muitas vezes com ajuda de profissionais especialista em sono, avaliamos um paciente com problemas para dormir. Algumas condições como apneia obstrutiva do sono, devem ser consideradas. Muito associada à obesidade, tem no ronco uma dica, mas o especialista irá realizar um estudo amplo para definir esse problema. Na síndrome de resistência das vias aéreas superiores, uma variante, mais comum em mulheres. Ocorre episódios de esforço crescente para respirar por “dificuldade de passagem do ar” durante o sono, causando despertares frequentes e fragmentação do sono.

 

Outra causa frequente de distúrbio do sono no paciente com fibromialgia é a síndrome das pernas inquietas. Encontrada em até metade dos pacientes, principalmente em mulheres em idade reprodutiva e com deficiência de ferro. O sintoma principal é o desconforto, especialmente notável nas pernas, ainda que possa afetar outras regiões. Que aumenta à noite e é aliviado pela movimentação da parte afetada. Existem outras causas dessa síndrome como problemas renais, diabetes não diagnosticado e uso de medicações que devem ser investigados. Outros transtornos do sono como insônia, que possui vários subtipos, outros transtornos respiratórios e hipersonia de origem central devem ser investigados de acordo com cada caso.

Algumas dicas para alívio do problema, concomitante ao tratamento especifico da causa encontrada, são:

- Fique de olho em seus hábitos de sono e quando algum problema começar a acontecer;

- Se exercite regularmente;

- Pratique bons hábito de HIGIENE DO SONO com um horário fixo para dormir e dormir sempre na cama;

- Meditação e técnicas de relaxamento podem ajudar;

- Parar de usar equipamentos com luz artificial e eletrônicos à noite.

 

Mas, espere aí! E as pílulas para dormir!? Experts Reumatologistas e especialistas em sono tendem a evitar o uso de “pílulas para dormir”, especialmente as que contém medicações benzodiazepínicas. Além de poderem causar acidentes e dependência, seu uso à longo prazo pode causar insônia rebote e demência precoce. Além disso, leva o paciente a “focar” na medicação, e não em medidas preventivas, investigação de causas e hábitos saudáveis. Enfim, a avaliação de seu médico e encaminhamento ao profissional especialista em sono é muito importante.