Dá para prever o futuro da artrite reumatóide?

Ter o superpoder de realizar um diagnóstico muito precoce e “prever o futuro” do paciente com artrite reumatoide (AR) é definitivamente nosso maior sonho, que vira realidade a cada dia. Nesse sentido, os critérios revisados em 2016 pelo ACR/EULAR nos ajudam a diagnosticar a doença de forma precoce. E considera para isso algumas características do comprometimento das articulações, do paciente e sua “carga genética”. Além, é claro, da positividade do fator reumatoide (FR) e/ou do anti-CCP.
O FR, mais antigo e famoso, tem uma especificidade de 80 a 90% e o anti-CCP de 98%, com uma sensibilidades semelhante de cerca de 70%. Ou seja, a chance de o exame ser negativo e ser AR é bem menor com o anti-CCP! Com tendência a prevermos uma doença de evoluacão mais grave quando ele está presentes em altos títulos. Lembrando que existem outras causas de positividade desses anticorpos!  #vidadereumatologistaNormalmente não ficamos repetindo já que seus títulos são estáveis, mas até 20% negativam durante o curso da doença.  


Existe também um período no desenvolvimento da doença, a chamada de AR pré-clínica, em que o paciente possui anticorpos positivos SEM apresentar sintomas. Nesse caso, nos pacientes com anti-CCP positivo a chance de desenvolver a doença é de 40 a 60% em 5 anos. E o risco aumenta ainda mais se os títulos desses anticorpos forem altos, positividade concomitante para o FR, tabagismo, obesidade e história familiar de autoimunidade.


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Esse indivíduo será aquele que o Reumatologista não vai “perder de vista”! E apesar de não conseguirmos “apagar totalmente esse risco” medidas como alimentação saudável e equilibrada (= flora intestinal saudável), exercícios regulares, manter peso ideal, dentes e gengiva saudáveis, evitar o tabagismo e conhecer os possíveis sintomas iniciais podem influenciar nesse processo! A dependendo do caso, uso do USG com power-doppler ou RNM para identificar inflamação articular o quanto antes. Estudos em andamento dirão se tratar indivíduos sem sintomas será mesmo de grande valia e com risco/benefício aceitável. E talvez no futuro quebraremos aquela nossa velha premissa de “tratar o paciente e não o exame”...