As principais causas de mortalidade entre os pacientes com lúpus, não estão relacionadas “propriamente” com a atividade da doença, mas sim com doenças cardiovasculares (infarto, AVCs, etc). O responsável por isso é o processo inflamatório que a doença causa, muitas vezes antes mesmo do diagnóstico. A inflamação crônica afeta os vasos sanguíneos e propicia o “depósito” de gordura nas artérias, levando a formação das famosas placas de aterosclerose. E não se engane, o colesterol não precisa estar assim tão alto. Ou seja, mesmo com níveis moderados a normais no sangue, ele pode depositar mais facilmente nas artérias do que em alguém que não é “inflamado”. E aproveitando, esse raciocínio não vale apenas para os lúpicos, todos os pacientes portadores de alguma doença crônica inflamatória, outas doenças reumáticas, obesos (já falamos por aqui que o tecido adiposo é altamente inflamatório) e diabéticos seguem essa regra também. E claro que outros fatores, como o sedentarismo, obesidade, tabagismo, entre outros, influenciam muito na formação precoce dessas placas e aumentam ainda mais o risco cardiovascular da pessoa.
Um estudo publicado no mês de novembro na revista Lupus, realizou uma revisão sobre esse tema e nos traz algumas orientações preciosas. No paciente lúpico um dos maiores desafios é sem dúvida o sobrepeso e a obesidade (#alôcorticóide). E em vários estudos, a dieta com baixos índices calóricos e glicêmicos foram importantes para prevenir a obesidade nesses pacientes. O uso das estatinas (remédio para reduzir o colesterol) já é bem estabelecido como arma importante na prevenção de eventos cardiovasculares na população em geral. Para quem tem lúpus, não é diferente, e quando existe indicação ela deve ser usada. O uso do AAS e da hidroxicloroquina foi recomendado para pacientes lúpicos que tenham outros fatores de risco cardiovascular associados. Com ação importante na prevenção de eventos trombóticos. Lembrando que, para uso dessas medicações é necessário a avaliação e monitoramento de seu Reumatologista. E que para paciente com vários fatores de risco o acompanhamento pelo Cardiologista é de extrema importância!
Fonte: C Andrades et al. Management of cardiovascular risk in SLE. Lupus , 2017.