Os perigos do salto alto!

  O salto alto é sem dúvida um dos artifícios de beleza mais apreciados pelas mulheres, que se sentem mais confiantes e elegantes com ele. Entretanto, não é preciso ser especialista para perceber que seu uso exagerado pode causar sérios problemas à saúde dos pés, pernas e coluna. Afinal, quem já não sentiu dores, sofreu quedas e entorses utilizando um lindo sapato de salto alto? Precisamos conhecer a estrutura e distribuição do peso corporal no pé sem salto, para entender o que se passa com nosso corpo quando “estamos nas alturas”.O pé funciona como um mecanismo complacente de recepção e distribuição do peso do corpo, como uma alavanca rígida que dá impulso para a marcha. Ele é constituído por três arcos plantares (longitudinal interno, longitudinal externo e transversal) que funcionam como amortecedores, adaptando as irregularidades do solo e suportando o peso do corpo. Desta forma, distribuem as cargas recebidas pelos pés em três regiões: retropé (calcâneo) com 60% da carga, mediopé (meio do pé) com 8% da carga e antepé (frente do pé), principalmente a cabeça do primeiro dedo com 32% da carga. O salto alto pode transferir até 90% da pressão da pisada para o antepé, sobrecarregando essa região.

 

 

   O uso do salto alto comprovadamente pode causar alterações biomecânicas da região lombar e dos membros inferiores como:

 

  • encurtamento da musculatura da panturrilha e face posterior da coxa, podendo causar dor local, tendinites, aumento da incidência de entorses e fraturas de tornozelo e pé por instabilidade das articulações.

 

  • encurtamento do tendão de Aquiles, podendo causar dor, tendinites e bursites locais.

 

  • deslocamento da linha de gravidade anteriormente (“para frente”) compensado por alterações posturais, que podem causar dor e alterações no equilíbrio.

 

  • sobrecarga dos joelhos (aumento de sua pressão interna em até 26%), que pode causar dor e predisposição a Osteoartrite (Artrose).

 

  • aumento da curvatura da coluna lombar (hiperlordose), com sobrecarga da musculatura dessa região e dor lombar.

 

  • os pés podem progressivamente adotar a postura em varo (queda lateral do arco transversal do pé) com redução da largura do arco plantar, surgindo uma tendência ao pé cavo (que é o oposto do “pé chato”, ou seja, o “peito do pé” é mais elevado e curvado que o normal) deformidade que pode causar muito desconforto.

 

  • deformidades nos pés como o famoso “joanete” (hálux valgo) e calosiades dos dedos.

 

  • formação do Neuroma de Morton, que é o espessamento dos nervos entre o 3º e 4º dedo do pé, condição extremamente dolorosa.

 

  • e apesar de não causarem as temidas “varizes”, o encurtamento muscular já mencionado dificulta o retorno venoso e pode causar edema (inchaço) e sensação de peso ou dor nas pernas.

 

   E não pense que o único vilão é a altura do salto, o modelo também deve ser observado pelas mulheres. O design de saltos com menor área de base (o famoso “salto fino”, preferido por muitas de nós...) potencializa todas as manifestações lesivas do salto alto. Da mesma forma, os modelos de “bico fino”, podem comprometer ainda mais os dedos dos pés. Qual seria então a altura máxima de um salto “inofensivo” à saúde? Os saltos de até 3,0 cm são ideais para uso diário, já que mantêm o equilíbrio das cargas nas regiões dos pés (aproximadamente 50% da carga no antepé e 50% da carga no calcâneo). E o que fazer quando precisamos (ou achamos que precisamos...) usar um sapato com salto por tempo prolongado? Bem, precisamos estar preparadas para usar (sem exageros) os sapatos de salto alto. Um bom condicionamento físico é fundamental, principalmente com fortalecimento e alongamento da musculatura da região lombar, região posterior da coxa e panturrilhas. Durante seu uso por um longo período do dia, tentar permanecer sentada sempre que possível, utilizar um calçado mais confortável no trajeto até o local de uso e alongar-se a cada duas horas são medidas que podem reduzir um pouco seus malefícios.