SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLÍPIDE

A SAF é uma doença de fisiopatologia complexa que vai muito além de trombose, causando inflamação, vasculopatia e complicações obstétricas. Mas quem é o paciente com SAF com maior risco de trombose e abortos? São especialmente aqueles com anticoagulante lúpico (AL) positivos, os chamados “triplo positivos” que possuem AL, anti-cardiolipína e anti-B2-glicoproteína I e/ou que tenham outros fatores como tabagismo, lúpus, idade, uso de anticoncepcional combinado (uma verdadeira heresia diga-se de passagem), etc.


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A grande pergunta na SAF é se deveríamos tratar o paciente que NÃO possui nenhum sintoma apenas os anticorpos positivos. A verdade é que ainda não temos dados substanciais, mas já temos vários estudos que sugerem benefício e costumamos prescrever AAS para os pacientes de alto risco.

 

Algumas (mas nem de longe todas) recomendações na SAF:
 

 No paciente com SAF que já teve uma trombose venosa o uso do anticoagulante warfarina deve ser feito “por toda a vida”, salvo alguma contraindicação, mantendo-se um INR entre 2,0 e 3,0. Da mesma forma, o paciente que já teve trombose arterial, mas esse manterá um INR de 3,0 a 4,0. Com possibilidade de associação de AAS e aí sim uma meta de INR mais baixa entre 2,0 e 3,0. Ah e tem que ser com warfarina mesmo viu...! O estudo TRAPS 2018 que comparou rivatoxabana e enoxaparina teve que ser suspenso depois de uma alta incidência de mortes, tromboembolismo e sangramentos no grupo de pacientes que utilizaram rivaroxabana. Então, até que novos trabalhos em andamento provem o contrário, nossa velha e chatinha amiga warfarina é a única que dá conta do recado!

 Pacientes gestantes que tenha SAF (NÃO apenas com os anticorpos, mas a doença diagnosticada) são acompanhadas e anticoaguladas com enoxaparina (Clexane®) por até 6 a 12 semanas após o parto. Combinado ao AAS em paciente de alto elevado (histórico de perdas fetais recorrentes no primeiro trimestre ou uma perda tardia, por exemplo).

 

 Em alguns casos, avaliados rigorosamente pelo Reumatologista, gestantes de alto risco que ainda não fecharam os critérios diagnósticos podem ser tratadas com enoxaparina durante a gestação.