Estamos novamente ansiosos e preocupados um novo surto de febre amarela. E nesse momento, várias perguntas nos ocorrem: Como posso me proteger? Devo me vacinar? Tenho reumatismo, posso me vacinar?
A febre amarela é uma doença viral, infecciosa não contagiosa, endêmica (típica de uma região, acontece com muita frequência nesse local) em regiões da África e da América do Sul. É transmitida pela picada de insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) dos gêneros Aedes e Haemagogus. Sim, olha o Aedes ai novamente! A suscetibilidade é geral e irrestrita, sem distinção de raça, idade ou gênero. As manifestações clínicas variam desde um quadro febril leve à infecção grave, acarretando falência renal e hepática (fígado), dano cardíaco, hemorragia e choque. Estima-se que apenas 10% sejam formas graves, associadas à elevada letalidade, variando de 20-50% dos casos. Não temos tratamento específico para a doença. Dessa forma, a prevenção é a medida chave no controle da doença, sendo a vacinação uma das formas de prevenção. A vacina para febre amarela é composta por vírus vivo atenuado e como veremos abaixo essa composição a torna não indicada para todos os tipos de pessoas.
Sabe-se que os pacientes com doenças reumatológicas apresentam uma maior prevalência de doenças infecciosas quando comparados com a população em geral, seja devido à deficiência imune da doença de base ou pelo uso de terapia imunossupressora. Portanto, a vacinação é uma medida eficaz para a redução da morbidade e mortalidade nesses pacientes.
É muito importante termos a compreensão de que os pacientes com doenças reumatológicas, principalmente de natureza auto-imune, apresentam níveis variados de imunossupressão com alterações distintas no sistema imune, dependendo da condição de base e do uso de determinada terapia, como os imunossupressores. E que as vacinas contêm diferentes componentes que as tornam mais ou menos seguras para uso nesses pacientes, sendo classificadas, segundo esses componentes, em três tipos: a) bactérias ou vírus mortos; b) bactérias ou vírus vivos atenuados; e c) proteínas ou açúcares extraídos de bactérias ou vírus ou sintetizados em laboratório.
As vacinas de bactérias ou vírus mortos são muito segu- ras, por exemplo a vacina contra Haemophilus influenzae. Também as vacinas compostas por proteínas ou açúcares são, em geral, seguras. As vacinas de bactérias ou vírus vivos atenuados são, em geral, seguras para indivíduos saudáveis. No entanto, por produzirem uma infecção mínima, elas podem, em pessoas nas quais o sistema imune esteja prejudicado provocar infecção incontrolável.
Na Reumatologia, diversas doenças, como artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reativa, artrite psoriática, espondilite anquilosante, entre outras, requerem, com freqüência, para o tratamento, o uso de imunossupressores. Drogas imunossupressoras como: corticóides, metotrexato, ciclofosfamida, azatioprina, leflunomida, ciclosporina, micofenolato de mofetil são freqüentemente prescritas aos pacientes portadores de doenças reumáticas. Mais recentemente, foram incluídos os chamados agentes biológicos, tais como os contra o fator de necrose tumoral (anti-TNF), infliximabe, etarnecept e adalimumabe; drogas dirigidas ao linfócito B, rituximabe e ocrelizumabe; anti-moléculas de co-estimulação (anti-CTLA4), abatacepte; além de anti-interleucina 6 (anti-IL6), tocilizumabe, para tratamento dessas doenças, sobretudo casos mais graves.
Em recente nota técnica, a Socidade Brasileira de Reumatologia esclareceu pontos importantes. Dentre eles, como classificar o grau de imunossupressão dos pacientes de acordo com o tipo e dose das principais drogas usadas em doenças reumatológicas (FIGURA 1). Concluindo, com as recomendações de vacinação de acordo com o grau de imunossupressão por classe e dose de drogas utilizadas no tratamento desses pacientes. (FIGURA 2,3 e 4).
Diante dessas informações, a consulta com seu médico Reumatologista é de extrema importância para os devidos esclarecimentos e a análise da possibilidade ou não do uso da vacina!